Fotografar um casamento LGBT

No passado dia 29 de Abril acompanhei o dia de um casamento LGBT como fotógrafo na cidade do Porto. Foi o primeiro casamento LGBT que fotografei e o primeiro que testemunhei!

Em Portugal os casais do mesmo sexo podem, segundo a lei portuguesa, casar-se legitimamente em qualquer Conservatória do Registo Civil, ou outro local, sendo o casamento celebrado por um oficial da Conservatória ou do registo civil. Actualmente, para o casamento civil, não é obrigatória a presença das testemunhas podendo o Conservador verificar, pela exibição dos respectivos documentos de identificação, a identidade dos noivos ou por conhecimento pessoal.

Por ser o primeiro serviço de fotografia num casamento Homossexual, fiz o meu trabalho de casa. Logo que obtive dos clientes as coordenadas dos pontos-chave do dia – o Hotel, a Conservatória e o local de almoço – indiquei alguns locais da cidade do Porto para registar em fotografia nesse percurso. Uns dias antes realizei o teste in situ e verifiquei os tempos. Tudo estava impecável. Partilhei o plano com o cliente e recebi o OK de imediato. Junto com o itinerário preparei também algumas fotos que serviriam de base inspiracional para o par. Geralmente as minhas sessões de casamento incluem as fotos espontâneas (estilo cândido) mas também as clássicas poses e outras experimentais. Fiz, por isso, questão de antever essas ideias de poses no e-mail de briefing para o dia de casamento. O par gay, residente em Itália chegou ao Porto, sem convidados, dois dias antes, pelo que me arriscaria a assumir que se trataria de um casamento de fuga (elopement wedding). A palavra Elope no inglês significa fugir de algum lugar e não retornar ao ponto de origem. Foi mencionada inicialmente em 1338, para definir o ato de uma mulher abandonar o seu marido para fugir com o amante. A definição permaneceu até 1800, quando passou a significar o ato de um casal fugir para celebrar o casamento, a dois, sem necessariamente abandonar nenhum outro cônjuge para isto.

Sobre o casamento de estrangeiros em Portugal, o IRN refere o seguinte «Aplicam-se as mesmas regras que ao casamento de dois portugueses devendo, no entanto, os noivos estrangeiros fazer a prova de que têm capacidade, de acordo com a sua lei pessoal, para contrair casamento. Devem instruir o processo com um certificado de capacidade matrimonial passado pelas autoridades competentes do seu país há menos de 6 meses, se outro prazo não for estipulado pela lei do seu país». 


A sessão de preparativos LGBT no Porto

O ânimo e o tempo não poderiam ser melhores! Dois fatores-chave para uma excelente sessão fotográfica. No arranque do dia, encontrei-os no Hotel, onde registei os preparativos e os primeiros retratos de ambos. Foi com um cálice de vinho do Porto que os incentivei a começarem o dia, à Portuguesa. O itinerário preparado previa cerca de 3 km de uma caminhada tranquila entre as 9:00 e as 14:00. 

A sessão LGBT na 1ª conservatória do registo civil do Porto

O par gay recorreu ao registo civil português, onde a Lei Portuguesa prevê o casamento entre cidadãos do mesmo sexo, mesmo sendo estrangeiros. Juntamente com esta instituição pública, solicitaram ainda a presença de um celebrante e intérprete para o casamento que se celebrou na 1ª conservatória do registo civil do Porto.

As outras sessões LGBT no Porto

O itinerário estava preparado para vários terrenos. Jardins, esplanadas, fachadas, escadarias, monumentos, pontes, estabelecimentos, etc. A cidade do Porto tem uma vasta oferta, pelo que de forma a retratar a circunstância do casamento, preocupei-me em otimizar o percurso até ao destino – o restaurante Barão Fladgate.

O equipamento de fotografia para o casamento LGBT no Porto

Este foi o aspecto que demorei mais a decidir. Circular com peso e ponderar mudanças de material ao longo de um percurso de caminhada não é muito pratico pelo que ter uma objetiva versátil era a opção mais sensata para todos, o fotógrafo, o cliente e o trabalho. A clássica 24-70mm continua a fazer jus ao seu desígnio no âmbito da fotografia de eventos como casamentos. Guardei a mochila na viatura. Guardei uma bateria suplente, encaixei o flash e foi assim que realizei todo a reportagem de casamento do par gay. 

Toda a comunicação durante o dia foi realizada em Inglês. A sessão terminou com o brinde boas-vindas já no restaurante. 

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